FOTOS DA MISSA DE POSSE DO PE. NELSON - 12 de abril de 2008


ouvindo a homilia de D. Luciano
Pe. Paulo Cezar Costa, Reitor do Seminário, lendo a provisão
momento da posse

momento da posse - imposição da estola sacerdotal
momento da posse - Pe. em comunhão com os ministros


D. Luciano fazendo recomendações à comunidade
"Igreja na Baixada - Comunhão e Missão"



Turismo Histórico-Religioso na Diocese de Nova Iguaçu
Localizada à margem direita do rio Iguaçu, numa planície circundada de pequenos morros, a Vila de Iguaçu teve sua origem no povoado surgido entorno da capela de N. Sra. da Piedade, construída em 1699. No princípio foi a capela. Feita de pau-a-pique e escondida na bonita paisagem, ela testemunhou a fé dos primeiros colonos de Iguaçu. Era o lugar para as ladainhas e festas da padroeira. A celebração dos sacramentos eram realizadas durante as missões e desobrigas. A capela de N. Sra. da Piedade do Iguaçu estabelecia na nova terra uma referência e garantia uma continuidade. Assim sacraliza-vam com os símbolos católicos da cruz e do sino, a terra antes ocupada pelos índios Jacutingas.
Em 1704 é aberto o Caminho Novo das Minas, favorecendo os povoados da Baixada. Situada na rota do ouro, Iguaçu prosperou e em 1719 é elevada a freguesia (distrito). O alvará régio de 24 de janeiro de 1755 deu a paróquia à natureza perpétua. Sendo seu primeiro pároco João Furtado Mendonça.
A freguesia de Iguaçu será beneficiada pela Estrada Real do Comércio, inaugurada em 1822. A estrada vai reativar o comércio e movimentos nos portos do rio Iguaçu. As mercadorias para consumo da Corte e o café para o mercado estrangeiro eram transportados por tropeiros até os movimentados portos do rio Iguaçu. Durante o ciclo do café, Iguaçu não se destacou como produtora; porém a compra, revenda, armazenagem e o transporte do café trouxeram progresso para a freguesia. Durante a Regência, num clima político de disputa entre ideias centralizadas (monarquia centralizada) e federalistas (autonomia política das províncias), foi criada em 1833, a Vila de Iguaçu formada pelas freguesias de N. Sra.da Piedade de Iguaçu (sede), N. Sra. da Piedade do Inhomirim, N. Sra. do Pilar do Iguaçu, Santo António de Jacutinga, São João de Meriti e N. Sra. da Conceição de Marapicu.
Em 1891 a sede do Município de Iguaçu é transferida para Maxambomba. Em 1916, por acharem feio este nome, mudaram para Nova Iguaçu, homenageando assim o berço do município, a Nova (Vila) Iguaçu. A antiga Vila de Iguaçu caiu em abandono, permanecendo assim até os dias de hoje. Do Município de Nova Iguaçu foram criadas sete cidades: Duque de Caxias (1943), S. João de Meriti (1947), Nilópolis (1947), Queimados (1990), Belford Roxo (1990), Japeri (1991) e Mesquita (1999).
ROTEIRO: “CONHECENDO NOSSAS CAPELAS E FREGUESIAS COLONIAIS”
- Capela de São Mateus de Nilópolis (1637)
- Freguesia de Santo Antônio da Aldeia de Jacutinga (± 1630)
- Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Marapicu (1728)
- Capela Nossa Senhora de Guadalupe (1737)
- Capela Nossa Senhora Madre de Deus do Engenho da Posse (± 1760)
- Freguesia de Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu (1699)
ROTEIRO: “NOS CAMINHOS DO APÓSTOLO DA BAIXADA Pe. JOÃO MÜSCH”
- Igreja do Sagrado Coração de Jesus da Solidão (1928)
- Praça Getúlio Vargas, em Belford Roxo (onde o apóstolo celebrava a missa campal)
- Matriz Nossa Senhora da Conceição de Nilópolis (1941)
- antigo colégio São José (fundado pelo Pe. João Müsch)
- Matriz de Santo Antônio de Jacutinga (onde o Pe. João Müsch serviu durante 31 anos)
- Memorial Pe. João Müsch (na Cripta da Catedral)
- Colégio das Irmãs (fundado pelo Pe. João)
- Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Queimados (onde aconteceram vários fatos extraordinários)
- Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Japeri (1949)
- Matriz de São Pedro e São Paulo de Paracambi (1928)
Obs. Este é o roteiro mais longo. Pe. João Müsch, falecido em fama de santidade em 1965, percorria toda a Baixada a pé, dificilmente aceitando uma carona.
ROTEIRO: “Na caminhada com Dom Adriano Hypólito”
- Residência Episcopal, em Parque Flora (onde residiu durante 30 anos, hoje Seminário Propedêutico D. Adriano Hypólito)
- Mosteiro das Irmãs Clarissas (1983)
- Casa de Oração Frei Jordão Mai (1978 – antiga sede da Fazenda da Posse)
- Catedral de Santo Antônio de Jacutinga
- Memoria D. Adriano (na cripta da Catedral, onde encontra-se seputado)
- Centro de Direitos Humanos (hoje ocupado por Secretaria Municipal, atrás do Cemitério de Nova Iguaçu)
- Centro de Formação de Líderes , em Moquetá (1967, atualmente sede da Cúria Diocesana)
- Seminário Paulo VI (1986)
Fonte: jornal CAMINHANDO - informativo da Diocese de Nova Iguaçu – ano XIX – n.o 148 – fevereiro/2003- p. 10 (com atualizações de dados dos roteiros feitas em 2008 pelo Pe. Nelson Ricardo)
IRMÃS DE CARIDADE DA SANTA CRUZ
Antônio Lacerda de Meneses
O Instituto das Irmãs de Caridade da Santa Cruz foi fundado por Frei Teodósio Florentini, OFMcap (1808-1865) e Madre Maria Teresa Scherer (1825 - 1888) em Ingenbohl - Suíça, em 1856. Após a morte inesperada de Frei Teodósio, Madre Teresa assumiu com coragem e determinação a Congregação com suas inúmeras obras sociais, mantendo sempre a esperança, a fé e a caridade. Madre Maria Teresa, após um sofrimento doloroso, porém aceito e assumido com paciência, faleceu com fama de santidade, em 1888. Foi beatificada pelo Papa João Paulo II no dia 29 de outubro de 1995. Hoje seguindo o exemplo de sua fundadora, são quase 4.600 Irmãs de Caridade da Santa Cruz, presentes em vários países, atuando em comunidades carentes, escolas, hospitais e no campo da assistência social.
Dos Alpes da Suíça para Serra do Tinguá: Presente para Nova Iguaçu
Em 1970, no dia 15 de fevereiro - precisamente data de morte do fundador do Instituto das Irmãs de Caridade de Santa Cruz - Dom Adriano e o Pé. Florêncio de Bock, SSCC, que há mais de 10 anos atendia o povo de Tinguá, concelebraram a Santa Missa, na qual foram empossadas as Irmãs Teresa, Boaventura e Solange. A paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Tinguá, seria criada oficialmente no dia 26 de março, 10° aniversário da fundação da diocese. Em Tinguá, as Irmãs da Santa Cruz serviram durante 25 anos. Coordenando a paróquia, servindo como evangelizadoras, enfermeiras, assistentes sociais, organizando o povo nas lutas populares, num compromisso total com o povo. Bem dentro do espírito da fundadora, Madre Maria Teresa, que dizia: "Totalmente para o crucificado e, por isso, como representante de Cristo, totalmente para o próximo". Até hoje o povo de Tinguá sente a transferência de suas Irmãs.
Irmãs Regentes de Paróquia: O Pionerismo das Irmãs da Santa Cruz
Tinguá foi a primeira paróquia de nossa diocese confiada à religiosas, e as Irmãs da Santa Cruz foram as pioneiras nesta bonita experiência de Irmãs Regentes de Paróquia, onde religiosas assumiam a coordenação da paróquia e contavam com a cola boração de um padre assistente. Mais do que a falta de padres a motivação dessa experiência é a co-responsabilidade de todos os cristãos e a vocação especial da religiosa como sinal mais claro do Reino de Deus.
Na Paróquia de Santa Rita: Novos Desafios
No dia 3 de março de 1974, Dom Adriano instalou oficialmente a nova paróquia de Santa Rita, no bairro de Santa Rita, e empossou as Irmãs Regentes: Julita (coordenadora), Ana e Flurina. Numa modesta casa alugada, começaram sua nova missão na vastíssima paróquia. Acompanhando e formando novas comunidades, com suas lideranças e conselhos comunitários, alfabetizando adultos com o método Paulo Freire, defendendo os direitos dos trabalhadores das fábricas... Aos poucos, as Irmãs iam humanizando uma região tão abandonada pelo poder público.
Nossa Gratidão
A Casa-Mãe da Congregação está localizada em Ingenbohl, na Suíça. De lá partiu a decisão para assumir a missão em Nova Iguaçu; as orações e ajuda financeira para diversas obras da Diocese, como o Centro de Formação, a Casa de Oração, o Seminário Paulo VI etc. Por tudo isso, nós somos gratos às nossas Irmãs da Santa Cruz pelo carinho e dedicação à causa da evangelização e libertação do nosso povo.
Fonte: jornal CAMINHANDO - informativo da Diocese de Nova Iguaçu – ano XXI – n.o 179 – outubro/2005- p. 10
OS SEPULTAMENTOS NA FREGUESIA DE IGUASSÚ
Antônio Lacerda de Meneses
Desde o período medieval, surgiu na Igreja Católica a tradição de enterrar os mortos dentro da igreja. A origem está na crença de que o morto só ressuscitaria no Juízo Final, se possuísse uma sepultura ad sanctos, ou seja, próxima à imagem de um santo ou mártir. Nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, documento que a norteou a Pastoral da Igreja no Brasil até o fim do século XIX, encontramos no Título LIII, artigo 843: "É costume pio, antigo, e louvável na Igreja Catholica, enterrarem-se os corpos dos fieis Chrístãos defuntos nas Igrejas, e Cemitérios delias: porque como são lugares a que todos os fieis concorrem para ouvir, e assistir as Missas e Officios Divinos, e Orações, tendo a vista as sepulturas, se lembrarão de encommendar a Deos nosso Senhor as almas dos ditos defuntos, especialmente dos seus, para que mais cedo sejão livres das penas do Purgatório, e se não esquecerão da morte, antes lhes será aos vivos mui proveitosos ter memória delia nas sepulturas".
Nos testamentos notamos a preocupação em preparar à Alma para o Juízo Final. Os testamentos eram registrados nos livros de óbitos das freguesias. Até a República, todos os registros da vida civil eram feitos pela Igreja.
Na introdução do Testamento, o tes-tador encomenda a sua alma a Santíssima Trindade, a Virgem Maria, ao santo do seu nome, ao santo de sua devoção e a "todos os Santos e Santas da Corte do Ceo rogo sejão os meus Intercessores". Além dos apelos feitos aos santos, os testamentos poderiam ser um veículo de confissão, apontavam seus pecados, suas desleal-dades e dívidas, assim temos o testamento de José da Paixão, preto forro, falecido em Iguassú em 1797: "Declaro que sou natural da Costa da Mina efui cazado com Maria Pereira daqual não tive filhos - Declaro que tenho hum filho natural pornome Custodio havido de Lourença Maria Ramos ao 'qual instituo pormeu Herdeiro universal de tudo o que depois de pagas as minhas dividas, cumpridos os meus legados restar dos meus bens..." (Livro de Defuntos da Matriz de Iguassú).
Para a grande maioria o destino de sua Alma seria o Purgatório, onde aguardaria o seu julgamento. Somente os santos e puros de coração iriam direta-mente para o Céu. Restava para aqueles com pecados gravíssimos, o Inferno. As Almas do Purgatório tinham necessidade das orações dos vivos e da ajuda dos santos, mas também eram dotadas de santidade, pois poderiam obter a purificação e ir para o Céu. Isso fez surgir a devoção e as missas para as almas. Temendo uma longa estadia no Purgatório, tornou-se costume nos testamentos encomendar missas em intenção das Almas do Purgatório. O fazendeiro Alberto Pinheiro falecido em 1779 no seu testamento "declaro que deixo meya Capella de Missas pelas almas do purgatório que forem mais da minha obrigação, e assim mais deixo sedigão doze Missas pelas mais necessitadas Almas do Purgatório, declaro que se mande dizer doze Missas pelas Almas dos meos escravos". (Idem)
O fim dos Sepultamentos dentro das igrejas começou a ser debatido no início do século XIX, quando médicos influenciados pelas ideias sanitaristas surgidas na Europa, começaram a intervir nas políticas de saúde publica. Os corpos dos mortos eram considerados os principais causadores das epidemias que assolavam o Rio e o Recôncavo. Portanto, era prioridade afastá-los do convívio dos vivos. Em 1833, a Regência cobrava das autoridades municipais o fim dos enterros dentro das igrejas, pois chegara ao seu conhecimento que na Freguesia de N. Sra do Pilar de Iguassú, "as febres continuavam a afligir os habitantes" e que a causa eram "as continuas exalações miasmáticas produzidas pelas sepulturas dentro do recinto dos templos".
Foi dentro dessa nova maneira de entender saúde, doença e morte que por volta de 1860, foi inaugurado o primeiro cemitério extra-muros (fora da igreja) de Iguassú. Anos mais tarde em 1875 é inaugurado o cemitério da Irmandade de N. Sra. do Rosário, hoje conhecido como "cemitério dos escravos".
Fonte: jornal CAMINHANDO - informativo da Diocese de Nova Iguaçu – ano XX – n.o 168 – novembro/2004- p. 10
O MILAGRE DAS ÁGUAS
Aumentando os clamores da população que exigia água mais próximo do centro da Vila, decidiu-se, por volta de 1620, iniciar as obras de captação das águas do rio Carioca. Iniciada e paralisada diversas vezes, esta obra só teve conclusão em 1723, quando às águas do Carioca foram finalmente canalizadas, passando a jorrar no chafariz de 16 torneiras de bronze, construído no Campo de Santo António (Largo da Carioca). Do conjunto dessas obras fazem parte os famosos Arcos da Lapa. Aqueduto em ponte-canal de estilo romano, de belas arcadas de pedra rejuntada, numa extensão de 270 m. e 18 m. de altura. É interessante notar que o aqueduto da carioca fez surgir uma nova profissão na Corte - o cario-queiro, que correspondia hoje no guarda florestal e era encarregado pela limpeza e conservação dos mananciais e calhas para a captação de água.
A cidade do Rio de Janeiro cresce. Fábricas e esgotos poluem os rios da capital. O governo de Dom Pedro II publica no Jornal do Comércio: "compram-se terras regadas por água potável para abastecimento da Corte". Um grupo de fazendeiros da Freguesia de Santana das Palmeiras, município de Iguaçu, ofereceram por preço irrisório, diversas áreas de terra, junto ao rio São Pedro. A estes terrenos, comprados pelo Governo Imperial, juntaram-se os doados por Francisco Pinto Duarte, futuro Barão de Tinguá. Foi o engenheiro Antônio Rebouças, que em 1870, explorou e certificou a pureza das nascentes do Rio d'0uro e da Serra do Tinguá, tendo sido o primeiro engenheiro a indicar esses mananciais para o abastecimento da cidade. Em 1877, foi concluída a obra que marca o início de uma nova fase do abastecimento de água no Rio de Janeiro: A adutora do Rio São Pedro.
A Estrada de Ferro Rio d'Ouro foi construída em 1876 e tinha por finalidade o transporte de material para a obra da rede de abastecimento d'água à cidade do Rio de Janeiro. A Ferrovia partia do bairro do Caju à represa do Rio d'Ouro em Iguaçu, tinha 53 km de extensão.
Reservatório de Rio d'Ouro, Nova Iguaçu
Detalhe do Reservatório de Rio d'Ouro, Nova Iguaçu
Da estação de Vila de Cava partia um ramal até Conceição (atual Tinguá). Em 1886, a linha de Rio d'Ouro é adaptada para o transporte de passageiros. Sob alegação de que "Não dava lucro", em 1966, a histórica Estrada de Ferro Rio d'Ouro é desativada.
A capital do Império Brasileiro, vive uma das piores estiagem de sua história. Políticos e engenheiros buscam encontrar uma melhor solução para acabar com a falta de água no Rio. O jovem engenheiro André Gustavo Paulo de Frontin, em 15 de março de 1889, assina o contrato que se obrigava a “fornecer para o abastecimento de água desta capital, no prazo de 6 dias, um volume de 13 a 15 milhões de litros de água". O bom Imperador Dom Pedro II, que fora educado pelo iguaçuano Manoel Inácio Sotto-Mayor, o Marquês de Itanhaén, acreditou e apoiou o projeto do jovem engenheiro.
As obras executadas pelo eng. Paulo de Frontin consistiam em represar e canalizar as águas da cachoeira da Serra Velha até o reservatório do Barrelão,
numa extensão de 6 km. A chegada das chuvas coincidiu com o término do prazo de 6 dias. O volume do mananciais aumentou, a adutora do Barrelão voltou à sua capacidade de vazão. É dessa época o episódio conhecido como "o Milagre das Águas", muito repercutido nos jornais da época.

Paulo de Frontin contava com a ajuda de outro engenheiro, Raimundo Belfort Roxo. Falecido ainda jovem, foi homenageado dando nome à estação do Brejo. Em volta dessa estação, cresceu Belford Roxo, município criado em 03 de abril de 1990.
Fonte: jornal CAMINHANDO – informativo da Diocese de Nova Iguaçu – ano XVIII – n.o 139 – abril de 2002- p. 14
A FREGUESIA DE SANT’ANNA DAS PALMEIRAS
No dia 26 de julho comemora-se na Igreja a Festa de São Joaquim e Sant'Anna, o culto a estes santos, pais da Virgem Maria é muito antigo, principalmente no Oriente. No ano de 550, o Imperador de Roma Justiniano mandou construir uma capela em honra a Sant'anã em Constantinopla (Turquia). Em 1584 foi instituída a festividade de Sant'Anna e escolhido seu dia, por bula do Papa Gregório XIII. Na ocasião foi escolhido o dia 20 de março para São Joaquim, anos depois mudado para 16 de agosto. Somente em 1913 foi que São Joaquim passou a ser comemorado no dia 26 de julho juntamente com sua esposa. No Brasil Sant'Anna mereceu o título que só é reservado a sua filha, ou seja, Senhora. Na tradição passou a ser a protetora das mulheres casadas, principalmente as grávidas.
A devoção a Sant'Anna na região de Iguassú é muito antiga. Consultando antigos mapas no Arquivo -Diocesano podemos constatar capelas e acidentes geográficos com o nome de Sant'Anna desde o século XVIII na região, contudo, a história da devoção de Sant'Anna das Palmeiras remonta ao povoado de Sant'Anna da Serra do Comércio - é a mesma serra do Tinguá, só que devido a Estrada do Comércio neste trecho, recebeu o nome de Serra do Comércio - está localizada à margem desta importante estrada, próxima de onde hoje é a área da Reserva Biológica do Tinguá. A Estrada do Comércio concluída em 1822 começava na Freguesia de N. Sra da Piedade do Iguassú e terminava no porto de Ubá no rio Paraíba, daí interligava a Minas Gerais. Anos mais tarde coube ao engenheiro militar Conrado Jacob Niemeyer o calçamento e a manutenção desta estrada na sua primeira seção. O engenheiro Niemeyer se encantou com a região e com a família trocou a Corte (capital do Império) por Tinguá. Em Iguassú no alto da serra, em 1842 nasceu Conrado Jacob Niemeyer (neto) também engenheiro, fundador do Clube de Engenharia, construtor da Avenida Niemeyer e da igreja de São Conrado, atual bairro do Rio com mesmo nome. O engenheiro falecido no Rio em 1919 tem como um de seus descendentes o grande arquiteto Oscar Niemeyer.
A estrada reativou o comércio "serra acima" e o movimento nos portos do rio Iguassú. Mercadorias para o consumo da Corte e o café para o mercado estrangeiro eram transportados por tropeiros. O povoado de Sant'Anna crescia devido ao intenso movimento na estrada. Em 1854 já contava com cerca de dois mil moradores e mais de duzentas casas. Neste mesmo ano, os moradores em longo memorial solicitam ao Presidente da Província (Governador do Estado) a elevação à paróquia do povoado de Sant’Anna a majestosa igreja recém construída pelo Barão de Paty do Alferes. Francisco Peixoto de Lacerda de Werneck.
Em 6 de outubro de 1855 é criada a Freguesia (distrito) de Sant’Anna das Palmeiras. Sua igreja é elevada à honra de Paróquia. Sant'Anna passa a ser distrito do município de Iguassú. Além da igreja Matriz contava com duas escolas, uma para meninos e outra para meninas, agência postal, delegacia, cemitério, várias fazendas de café e um pujante comércio. Crescia assim a afamada Freguesia de Sant’Anna das Palmeiras e já era apontada como uma segunda Petrópolis, devido a sua localização serrana e clima ameno. Porém a chegada da Estrada de Ferro em 1858, ligando a Corte a Queimados e anos mais tarde chegando a Minas Gerais, fez com que a Estrada do Comércio fosse gradativa-mente abandonada. Junta-se a isso a abertura da Estrada Rodeio (Eng° Paulo de Frontin) - Paty do Alferes que tirou o prestígio comercial de Palmeiras. A Freguesia de Sant'Anna das Palmeiras é abalada economicamente e para de receber investimentos.
Em março de 1889 era anotado no livro de ata da Câmara de Iguassú que ninguém mais residia em Sant'Anna. Consultando outras fontes, vimos que isso não correspondia a realidade. Acreditamos que a Câmara tinha interesse de aplicar verbas em outras localidades ou em outro fim, daí antecipa o desaparecimento da Freguesia. É bem verdade, que passados alguns anos, a região é despovoada.A bonita igreja é fechada, tudo é tristeza e melancolia em Sant'Anna das Palmeiras. A histórica imagem de Sant'Anna e o sino foram piedosamente levados pelo povo para o emergente povoado de Conrado e logo foi construída uma nova igreja solenemente inaugurada em 1901. Em torno do outeiro da igreja foi crescendo um harmonioso recanto formado por imigrantes italianos que chegaram para trabalhar na lavoura do café e comunidades negras descendentes de _ africanos que também trabalharam no café.
a imagem de Santana, venerada em Conrado, vinda da antiga matriz de Santana das Palmeiras
Visite a Reserva Biológica do Tinguá, em local de acesso proibido existem as ruínas da Freguesia de Sant'Anna das Palmeiras "A Machu-Picchu de Iguassú". Visite a centenária Igreja de Sant'Anna de Conrado, um dos mais belos exemplares da arqui-tetura religiosa da nossa Diocese, aproveite para conhecer o encantador distrito de Conrado.
Fonte: Jornal CAMINHANDO, informativo da Diocese de Nova Iguaçu – ano XVIII – n.o 142 – julho/2002 – pg. 14.
IGREJA NOSSA SENHORA DA PIEDADE DE IGUAÇU - 300 anos de História
Localizada à margem direita do rio Iguaçu, a Igreja de N. Sra. da Piedade teve sua origem na capela que o alferes José Dias de Araújo, mandou construírem sua casa, no ano de 1699.
No princípio foi a capela. Simples e escondida na bonita paisagem, ela testemunhou a fé católica dos primeiros colonos de Iguaçu. Era o lugar para as orações diárias, ladainhas, novenas e festas da padroeira. As celebrações dos sacramentos eram feitas nas missões e desobrigas.
Em 1751,o bispo do Rio de Janeiro, D. Frei António do Desterro, concede ao povo de Iguaçu a honra da adoração do Santíssimo na Igreja de N. Sra. da Piedade de Iguaçu Foi criada a paróquia em 24 de janeiro de 1755, sendo seu primeiro pároco João Furtado Salvador de Mendonça. Além da administração dos sacramentos, pé. João realizava a cura da alma. Na prática, a cura da alma era o que hoje chamamos de pastoral, e compreendia a pregação, o ensino da doutrina cristã, a missa dominical, o cuidado com o templo e "o remédio das necessidades dos pobres".
Feita de pau-a-pique, a igreja, com o tempo, começou a ruir. Em 1760, o povo começou a construir uma nova igreja, de majestosa arquitetura, na opinião de Monsenhor Pizarro, o visitador apostólico de 1795. Esta obra durou 33 anos.
Hoje, a torre do campanário é o que resiste da Igreja de N. Sra. da Piedade de Iguaçu. A bonita torre clama por uma restauração. É o marco inicial da Igreja em Iguaçu. Foi palco de grandes acontecimentos históricos.
Você pode visitá-la e aproveitar para conhecer a antiga Vila Iguaçu. Vá pela estrada Vila de Cava-Tinguá e, após a Fazenda S. Bemardino, perguntar aos moradores onde fica Iguaçu, a antiga.
A restauração da torre é um belo presente para N. Sra. da Piedade, que durante 300 anos abençoa e protege a nossa baixada.
Antônio Lacerda de Meneses – Historiador e estudioso da História da Baixada Fluminense
Fonte: Jornal CAMINHANDO – informativo da Diocese de Nova Iguaçu – ano XV – n.o 107 – maio/1999
FAZENDA SÃO BERNARDINO














Considerado um dos mais belos e completos exemplares de fazenda colonial no Rio de Janeiro (embora não seja tão antiga – data da segunda metade do século XIX), a Fazenda São Bernardino reunia em seu conjunto arquitetônico todos os detalhes que a fizeram ser tombada, por solicitação do prefeito Ricardo Xavier da Silveira, como patrimônio artístico e histórico pelo SPHAN, em 26 de fevereiro de 1951.
Localizada dentro do território da Vila de Iguaçu, a mais próspera da Província do Rio de Janeiro, a Fazenda São Bernardino é fruto indireto das atividades econômicas de sucesso e da fortuna do Comendador Soares (considerado, por sua forte influência política na Província, o restaurador da Vila de Iguaçu, vindo a ser presidente de sua Câmara Municipal diversas vezes), através de uma de suas sociedades, uma firma comercial com Jacinto Manoel de Souza e Melo. Uma das filhas do comendador –Cipriana Maria Soares – foi casada com umsobrinho de Jacinto Melo (Bernardino José de Souza e Melo, fundador da Fazenda São Bernardino) que passa a ser sócio do sogro em vários outros negócios de sucesso.
Tendo suas terras sido adquiridas a partir da década de 1860 (embora o Comendador já possuísse o sítio Cachimbau a mais tempo), a Fazenda SãoBernardino era servida pela extinta Estrada de Ferro Rio D’Ouro que lhe cortava as terras na altura do citado sítio – havia uma parada em frente à fazenda e que era acessada através da alameda de palmeiras imperiais, das quais, parte ainda subsiste. Acredita-se que o planejamento e a construção da fazenda tenham sido iniciados na mesma década, tendo sua conclusão e inauguração em 1875. A segunda metade do século XIX foi um tempo de muitas e rápidasmudanças, em todos aspectos: político, econômico, social etc; a inauguração das vias férreas e o deslocamento do eixo econômico, as transferências da Matriz Paroquial e da Câmara Municipal para o Arraial de Maxambomba (atendido pela ferrovia), as febres, Lei dos Sexagenários, Lei do Ventre Livre e Abolição da Escravatura, Proclamação da República, entre outros. À Vila de Iguaçu era decretado o fim; a Fazenda São Bernardino, que estava compreendida dentro do seu território, perdia sua importância e passava a ser casa de campo e caça, já quesua produção não objetivava de todo fins comerciais, e sim, a produção de sustento da própria fazenda e das casas dos parentes dos proprietários, na então Vila de Iguaçu.
A fazenda, pouco usada, mas ainda em bom estado, foi vendida aos sócios João Julião e Giácomo Gavazzi pelos herdeiros de Bernardino, em 1917. Gavazzinão a utilizou como residência e, sim, com fins de implantação de suas atividades econômicas –inicialmente a citricultura; assim promoveu violento corte nas florestas existentes na área, abriu uma estrada para passagem dos caminhões de lenhaprejudicando, dessa forma, as bases de pedra e cal das cocheiras e abatendo algumas das palmeiras imperiais. Em janeiro de 1940 o prefeito de Nova Iguaçu, Ricardo Xavier da Silveira, oficia ao SPHAN solicitando o tombamento da FazendaSão Bernardino. Somente em 1951 a fazenda é tombada como patrimônio histórico e artístico.Pouco restou da opulência de outrora. Segundo Waldick Pereira, o próprio Gavazzi saqueou e vendeu quase tudo que havia no conjunto. Em meados dadécada de 1980 ocorre o golpe final da história da São Bernardino: um incêndio suspeito terminou por arruinar o pouco que restara da fazenda, que já havia sido saqueada e abandonada aos rigores do tempo e do clima.
CRONOLOGIA
03/06/1862 – Bernardino José de Souza e Melo adquire o sítio Bananal (vizinho ao sítio Cachimbau, do Comendador Francisco José Soares) que era de propriedade de Francisco de Paula e Silva e sua mulher, Maria Maciel Rangel da Silva. Este sítio media 434 braças de testada e 603 de fundos, confrontando-se ao norte com o de José Gonçalves Bastos, ao sul com o de José Frutuoso Rangel, nos fundos com o dos herdeiros do Capitão Joaquim mariano de Moura e na frente com o de Fortunato José Pereira. O citado sítio estava hipotecado a Francisco José Soares e Luísa Joaquina da Costa Neves que abriram mão da hipoteca em favor deBernardino José de Souza e Melo. Os dois sítios são anexados e formam o primeiro núcleo territorial para compor as terras da futura Fazenda São Bernardino.
1862 – Acredita-se que neste ano tenha sido planejada a construção da fazenda.
1875 – Neste ano, conforme inscrição outrora existente na fachada principal daCasa Grande, teria sido concluída a sua construção e inaugurada a fazenda, conforme constava, até 1976, na placa fixada na fachada do prédio.
1917 – Os sócios João Julião e Giácomo Gavazzi compram a Fazenda São Bernardino do Coronel Alberto de Melo, herdeiro de Bernardino.Janeiro de 1940 – Por ocasião do aniversário do Município de Nova Iguaçu, o prefeito Ricardo Xavier da Silveira encaminhava ao diretor do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ofício solicitando a preservação da Fazenda São Bernardino.
26/02/1951 – A Fazenda São Bernardino recebe o tombamento solicitado pelo prefeito Ricardo Xavier da Silveira, ficando registrada, no SPHAN, sob o número de inscrição 390, do Processo 432-T, do Livro “Belas Artes”, às folhas 76.
Julho de 1965 – O historiador Waldick Pereira, do Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu, visita a Fazenda São Bernardino e faz um levantamento do estado da mesma e de seu patrimônio. Restavam algumas peças originais e outras da época da compra: mobiliário, fogão de ferro (ainda em funcionamento), um grande espelho oval na sala principal, candelabros e peças da capela, entre outras. Na senzala e nas construções do engenho: bomba a vapor, peças de carruagens, ferragens, polias, tonéis, um carro-de-boi e móveis quebrados.
Julho de 1965 – Os arquitetos Alexander Nicolaeff e Fernando Abreu, do Instituto dos Arquitetos do Brasil emitem um relatório descritivo a partir de sua visita àfazenda.1967 –A convite de Waldick Pereira, do IHGNI, o Coronel Alberto Soares de Souza e Melo e Bernardino José de Souza e Melo Júnior, herdeiros de Bernardino José de Souza e Melo, construtor da fazenda, visitam-na, constatando o estado em que se encontrava a mesma e, ao mesmo tempo, indicando nas benfeitorias onde se localizavam os objetos, dependências e como eram desenvolvidas as atividades do dia-a-dia.
8/12/1975 –O Decreto n° 1459 dava provisão à desapropriação da fazenda com fins de preservação e criação de um “Parque de Múltiplo Uso”.
30/12/1975 –A Lei n° 50 dispondo sobre o “Uso e Ocupação do Solo/Zoneamento” inclui a região de “Iguaçu Velha” e “Fazenda São Bernardino” na “Zona Turístico-Cultural” do município.
23/04/1976 – O Decreto 1520 ratifica o de n° 1459 e desapropria a fazenda de Giácomo Gavazzi, seus herdeiros ou sucessores.
02, 03 e 04 de abril de 1976 –Realiza-se em Nova Iguaçu um “Encontro Regional de Patrimônio Histórico e Artístico”, promovido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (do Departamento de Cultura da Secretaria de Estado de Educação e Cultura). O debate foi pontuado por dois principais aspectos: “conceito de restauração”e “propostas para a utilização da fazenda”.
06/07/1976 –A Portaria Municipal n° 4 constitui uma comissão para providenciar o levantamento dos bens da fazenda. Constou no relatório desta comissão terem sido encontrados apenas os seguintes bens, além dos prédios do engenho e demais dependências do plano inferior: uma “máquina a vapor”, “um tonel” e “um carro-de-boi”.
Dezembro de 1977 – A Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana (FUNDREM) contrata os serviços do escritório técnico da firma “Júlio Diniz Pinheiro e Carlos Alberto de Souza Arquitetos Associados Sociedade Civil Ltda”, para a elaboração do “Projeto de Restauração Arquitetônica” do conjunto “Engenho e Senzala”. Foram realizadas escavações, coletados restos de ferragens empregadas na construção (cravos, fechadura e espelho, corrente, dobradiça, parafusos), capina e remoção de entulho (resultado do desabamento de grande parte do telheiro, domadeirame e de paredes). Os espaços arquitetônicos e a multiplicidade de serviços foram revelados pela prospecção e através de fotografias antigas.
Meados da década de 1980 – Um incêndio terminou por arruinar o pouco que restara da fazenda, que já havia sido saqueada e abandonada, sem que tenham sido tomadas as providências necessárias e prometidas a tão importante bem, nem pela municipalidade que não possuía recursos para tanto, nem pelo governo federal, que havia se comprometido no projeto.
DESCRIÇÃO PATRIMONIAL
Casa Grande –Construída sobre um promontório que dominava a região, tinha as paredes externas originalmente pintadas na cor amarelo-creme. Portões, janelas, portas e guarnições pintadas de verde-escuro. As paredes internas “caiadas debranco”(conforme inscrição datada de 1887, encontrada em uma das dependências do engenho em 1977). As telhas e tijolos foram fabricados nas olarias próximas.
Escada dupla na entrada principal com gradil e pálio em folha de cobre. Janelas com folhas divididas com rico desenho de vidraçaria colorida. Beiral de telhas de louça azul. Internamente forrada em fino trabalho de estuque. O piso e a escada internos em madeira. À época da compra da fazenda restavam algumas peças originais e outras de período posterior, tais como: mobiliário, fogão de ferro (ainda em funcionamento), um grande espelho oval na sala principal, candelabros e peças da capela, entre outras.Engenhos (Casa de Farinha, Alambique, Engenho de açúcar), e Senzalas (dos escravos da Casa Grande e dos escravos com outras funções) – em nívelinferior e junto à estrada de acesso à Tinguá. Casas do Engenho montadas em sólidos alicerces de pedra e cal, com paredes edificadas com tijolões bem cozidos onde funcionavam os maquinismos (máquina a vapor, moenda, bases das engrenagens que movimentavam as polias da Casa de Farinha) necessários para o fabrico de aguardente, farinha, polvilho, tapioca, açúcar, café e fubá, ou seja, o Moinho de Fubá, a Prensa de Mandioca, Forno, Tanques, etc. Todas essas dependências ligadas à Casa Grande, no plano superior, pela Beira e por umaescadaria. Fora do corpo da Casa do Engenho, e entre esta e o início do pomar, um grande poço para lavagem das canas sujas de lama, para uso nas hortas e no pomar, etc. A poucos metros do Engenho, no sopé de um monte, cercada e coberta por tijolos, havia uma nascente de água potável que era coletada pelos escravos para as atividades da fazenda. Isto, antes da captação das águas da represa de Tinguá, cujos encanamentos passavam paralelamente à ferrovia, em frente à fazenda. De tudo que era fabricado, apenas o polvilho e a aguardente eram produzidos com objetivos comerciais; o restante servia ao consumo interno e de parentes instalados na Vila de Iguaçu. O Engenho produzia 2000 litros deaguardente por ano, segundo informações do Coronel Alberto de Melo, válidas para o ano de 1917.
1 –Alambiques
fonte: http://pretinhosidade.multiply.com/