OS PADROEIROS DAS COMUNIDADES


NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO (08 de dezembro)


A Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, que a Igreja celebra no dia 08 de dezembro, dentro do Tempo do Advento, anuncia os esplendores da encarnação redentora de Jesus Cristo. Lembra que, em vista da redenção operada por seu Filho, Maria foi preservada por Deus, desde a sua concepção, do pecado original e de suas conseqüências. Embora já fosse celebrada no Oriente desde o século VIII, na Irlanda já no século IX e na Inglaterra no século XI, essa Solenidade só foi estendida a toda a Igreja pelo Papa Pio IX, após a declaração do dogma da Imaculada Conceição, em 1854.
No Brasil, por determinação da CNBB, com aprovação da Santa Sé, além dos domingos, são dias festivos unicamente as solenidades de Santa Maria Mãe de Deus (1.o de janeiro), de São José (19 de março), do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), da Imaculada Conceição e do Natal do Senhor (25 de dezembro); e as festas transferidas para o domingo: Epifania do Senhor, Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, de São Pedro e São Paulo, Assunção de Nossa Senhora e Todos os Santos.
A celebração da Imaculada Conceição de Maria nos leva a refletir a doutrina de Igreja Católica de que todo ser humano, desde o primeiro momento de sua concepção, carrega em si a marca do pecado, herança do pecado original, que é eliminada pelo Batismo. Desse pecado, nasce também a inclinação para o mal, chamada “concupiscência”, que não é apagada pelo Batismo e que, portanto, nos obriga a uma vigilância constante e a um freqüente recurso à oração para não cairmos em tentação.
Durante séculos discutiu-se sobre a Imaculada Conceição de Maria. Sendo ela isenta do pecado original, a ação redentora de Jesus não se aplicaria a toda a humanidade, uma vez que sua Mãe estaria fora do alcance de sua redenção. Coube ao teólogo franciscano João Duns Scoto (+ 1308) responder a esta questão, que abriu um novo caminho para a teologia Mariana: a redenção de Cristo pode ser aplicada de dois modos: aos homens em geral, como “redenção liberativa” (ou seja, que liberta o ser humano do pecado), e a Maria em particular, como “redenção preservativa” (isto é, que a preservou, impedindo-a de contrair o pecado original). A imagem que explica esses dois modos é a do pai que não apenas levanta os filhos que tropeçaram numa pedra do caminho, mas corre na frente e retira a pedra para que sua filha não caia.
Vamos unir as nossas preces às de toda a Igreja, repetindo em nossos corações a oração do dia dessa Solenidade: “Ó Deus, que preparastes uma digna habitação para o vosso Filho pela Imaculada Conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo o pecado em previsão dos méritos de Cristo, concedei-nos chegar até vós, purificados também de toda a culpa, por sua materna intercessão”.


SÃO JOSÉ OPERÁRIO (1.o de maio)



São José Operário é o mesmo São José, esposo de Maria, cuja solenidade é celebrada no dia 19 de março. Embora nada saibamos, através dos Evangelhos, sobre o nascimento, vida, idade e morte de São José — a não ser que era descendente de Davi, carpinteiro e estava noivo da jovem Maria —, as poucas passagens que se referem a ele são bastante claras sobre a sua missão, a qual desempenhou santamente: homem justo (cf. Mt 1,19), dócil à voz de Deus (cf. Mt 1,24-25; 2,14.21-23), cuidadoso e fiel (cf. Lc 2,45).
José é o último patriarca que recebe as comunicações do Senhor através da humilde via dos sonhos (cf. Gn 28,12-14; Mt 1,20-24). Assim como o antigo José, é o homem file e justo que Deus pôs como guarda de sua casa. É ele quem liga Jesus, rei messiânico, à descendência de Davi (cf. Mt 1,1-16; Lc 3,23-38). Esposo de Maria, assumiu totalmente a paternidade de Jesus, guiando a Sagrada Família na fuga para o Egito e no retorno a Nazaré, refazendo o caminho do Êxodo (cf. Gn 37; 50,22-26; Mt 2,13-21).
Através de poucas frases a seu respeito nos Evangelhos, podemos concluir que José era um homem de poucas palavras, mas de atos concretos. Ao saber que Maria estava grávida, mas não sabendo que isso de devia à ação do Espírito Santo, quis dispensá-la em segredo (cf. Mt 1,20-21). Preferiu perder tudo — inclusive a sua honra — a ver Maria sofrer nas mãos da feroz lei judaica, que mandava que fosse apedrejada. No entanto, bastou um aviso em sonho para descartar essa idéia e aceitar a vontade de Deus. A partir daí, José sempre agiu da mesma forma. Nos momentos difíceis do nascimento de Jesus, sem local onde se hospedar, lá estava ele confortando e protegendo Maria e seu Filho. Pouco depois, fugindo para o Egito, José poupava a vida do pequenino Jesus. Por três dias, durante uma peregrinação ao Templo de Jerusalém, esteve ao lado de Maria, procurando o Menino de 12 anos que se separara do grupo de peregrinos.
Nada mais sabemos sobre José, o humilde carpinteiro que ensinou esse mesmo ofício a Jesus. Como na humildade do início dos Evangelhos, ele desaparece sem deixar vestígios, podendo-se, com isso, concluir que José morreu antes do início da vida pública de Jesus, porque, se estivesse vivo, com certeza estaria, como Maria, o tempo todo ao lado do Mestre.
São Bernardino de Sena escreveu sobre São José: “Quando a Divina Providência escolhe alguém para uma graça singular ou para um estado elevado, concede à pessoa assim eleita todos os carismas que são necessários ao seu ministério. Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai putativo do Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da Rainha do mundo e Senhora dos Anjos, que foi escolhido pelo Eterno Pai para guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria”.
Apesar das poucas passagens evangélicas a respeito de José, ele teve uma participação imprescindível na vida de Jesus, pois sem um pai, Jesus não seria ninguém perante a sociedade, segundo os critérios da lei judaica.
Deus não poderia ter escolhido um outro homem para ser o pai adotivo de Jesus? Não haveria pessoas mais conceituadas perante a religião e a sociedade? Independente da resposta, o fato é que Deus olha o coração e encontra um homem bom, justo, sem posses, mas cheio de amor para dar.
É interessante verificar que, no decorrer dos séculos, ao contrário do que acontece com muitos santos canonizados pela Igreja, a veneração a São José, aumentou ao invés de diminuir. O Papa Pio IX, no século XIX, declarou-o patrono da Igreja Católica; e o Papa João XXIII, no século passado, inseriu seu nome no Cânon romano. São José é também padroeiro dos trabalhadores, do Concílio Vaticano II e das famílias. Em nossa Diocese, temos 16 igrejas (matrizes e comunidades) batizadas em honra ao pai adotivo de Jesus, sem contar as 8 comunidades e 2 Igrejas-matrizes que recebem o nome de São José Operário.
O que São José foi para Jesus, o é também para nós. É o protótipo do autêntico servo de Deus. Por isso, é uma figura tão amada por nós, o padroeiro dos homens e mulheres que assumem a missão de propagar o Reino de Deus entre nós.
Assim como o mês de maio foi cristianizado, também a festa do Dia do Trabalho o foi pelo Papa Pio XII, em 1955, quando instituiu para esse dia a memória litúrgica de São José Operário, no contexto do dia em que se recorda o massacre de operários em Chicago (EUA), ocorrido no dia 1.o de maio de 1886, quando, diante da situação de injustiça a que eram submetidos, cerca de 340 mil trabalhadores se revoltaram, cruzaram os braços e exigiram mudanças radicais, que garantissem seus direitos e condições dignas de trabalho. A polícia foi chamada a intervir e, no confronto entre operários e policiais, seis trabalhadores morreram e cinqüenta ficaram gravemente feridos. Na década de 50, o Dia do Trabalho já era universalmente celebrado, a fim de tornar sempre viva a luta do trabalhador pelos seus direitos e por justiça. Ao instituir a memória de São José Operário, Pio XII procurou destacar o que a constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, expressaria mais tarde: a dignidade do trabalho humano como dever e aperfeiçoamento do homem, como exercício benéfico de seu domínio sobre o mundo criado, como serviço à comunidade, como prolongamento da obra do Criador e como retribuição ao plano da salvação (cf. GS 34).
Que o exemplo de São José e sua intercessão fortaleçam nossas vidas, nossas famílias e nossas comunidades!


NOSSA SENHORA DE FÁTIMA (13 de maio)


A primeira aparição de Nossa Senhora a três pastorezinhos na cidade portuguesa de Fátima deu-se no dia 13 de maio de 1917 e Nossa Senhora voltou a aparecer todo dia 13, até outubro, excetuando-se o mês de agosto, quando as crianças ficaram presas na cadeia pública.
Naquela época, ocorria a Primeira Guerra Mundial e o Papa de então, Bento XV, havia pedido a todos os católicos que orassem pela paz no mundo. Segundo os pequenos videntes, Nossa Senhora mostrou-se muito preocupada com a falta de fé e de moral do povo, convidando as pessoas à conversão, à penitência e à oração, principalmente o terço. Prometeu que a guerra acabaria — o que de fato aconteceu no ano seguinte —, porém alertou a humanidade para que deixasse de ofender a Deus, caso contrário outra guerra, ainda pior, ocorreria, não como castigo de Deus, mas como conseqüência do afastamento do ser humano de Deus — o que também se realizou entre 1939 e 1945, com a Segunda Guerra Mundial.
Nessas aparições, Nossa Senhora revelou três segredos aos pastorezinhos, que foram transcritos mais tarde por Lúcia e entregues ao Papa. O primeiro segredo foi a visão do inferno. No segundo, que dizia respeito à Rússia, Maria pedia a consagração daquele país a seu Coração Imaculado, para convertê-lo e haver paz. O terceiro segredo ficou guardado até o ano 2000, quando o Papa João Paulo II, através da Congregação para a Doutrina da Fé, revelou-o: dizia respeito à perseguição à Igreja e ao atentado que o Papa sofrera no dia 13 de maio de 1981.
Dentre as várias mensagens que Nossa Senhora confiou às crianças, destacam-se: a existência do Deus Uno e Trino; a presença real e o sacrifício incruento de Jesus Cristo na Eucaristia; a existência do céu, do purgatório e do inferno; a primazia da Igreja e o Papa como representante de Cristo; a comunhão dos santos.
Na última aparição pública, no dia 13 de outubro de 1917, deu-se o chamado “milagre do sol”, presenciado por mais de 70 mil pessoas, inclusive jornalistas que relataram o ocorrido em jornais da época.
As aparições de Nossa Senhora e suas mensagens mudaram radicalmente a vida daqueles três pastorezinhos pobres e analfabetos, porém muito piedosos. Jacinta e Francisco, impressionados com a visão do inferno e do purgatório, pareciam preocupar-se quase unicamente com a conversão dos pecadores e a salvação do mundo. Confirmando o anúncio de Maria segundo o qual os dois irmãozinhos iriam logo para o céu, enquanto Lúcia permaneceria ainda muitos na terra, Francisco morreu no dia 4 de abril de 1919, com apenas 10 anos, e Jacinta, morreu sozinha em um hospital em Lisboa, no dia 20 de fevereiro de 1920, pouco antes de completar 10 anos. Lúcia dedicou-se à vida religiosa como carmelita e viveu seus últimos anos no Carmelo da famosa cidade de Coimbra, em Portugal, falecendo em 2005, muito debilitada, já não mais conseguindo andar, pouco ouvindo e enxergando, passando a maior parte do tempo acamada, porém com a mente completamente lúcida.
No ano 2000, dentro das festividades do Ano Jubilar e durante a sua visita ao Santuário de Fátima, no aniversário da primeira aparição de Maria, o Papa João Paulo II beatificou Francisco e Jacinta, ato que é, para as crianças do mundo inteiro, um reconfortante estímulo para que também elas se lancem, felizes, no caminho da santidade cristã, o único que conduz à felicidade completa.
A mensagem de paz e de conversão que Maria anunciou em Fátima há décadas continua profundamente atual, quando vivemos não apenas guerras em várias partes do mundo, mas a violência e a morte se fazem presente em cada esquina de nossas cidades, resultado de um mundo que vive longe dos valores cristãos e de sua vivência no dia a dia. Que a força da oração, confirmada por Maria em Fátima, se faça presente na vida de todo católico, levando a ações concretas que expressem a vontade de Deus anunciada nos Evangelhos.


SÃO JOÃO BATISTA (24 de junho)


No calendário litúrgico da Igreja Católica, as datas de festas e memórias dos Santos marcam a data de suas mortes, ou seja, o dia em que, depois de passarem esta vida testemunhando com suas ações a fé em Jesus Cristo, entraram na glória dos céus. No entanto, há 3 exceções, 3 pessoas cujos nascimentos também são comemorados: Jesus (25 de dezembro), Maria (08 de setembro) e João Batista (24 de junho).
São João Batista é um dos santos mais populares do mundo e sua festa (junto com as de Santo Antônio e São Pedro) é comemorada popularmente com fogueiras, balões, fogos de artifício, dança de quadrilhas e comidas típicas em praticamente todo o Brasil, no que se conhece como “festas juninas”.
É comum o povo confundir as figura de São João Batista com a de São João Evangelista, embora sejam personagens totalmente diferentes.
Segundo a Sagrada Escritura, João Batista era o filho nascido na velhice de seus pais, Zacarias e Isabel, esta prima de Maria, a mãe de Jesus, para anunciar o Redentor e preparar os homens para a sua vinda. Segundo o Evangelho, Zacarias dá ao filho o nome de João (“Deus é misericordioso”), conforme lhe indicara o anjo do Senhor, recuperando, então, a voz que havia perdido no momento do anúncio do nascimento do menino. Cheio do Espírito Santo, Zacarias prediz o glorioso futuro do filho, expresso no cântico conhecido como “Benedictus”: “Irás a frente do Senhor para aplainar e preparar o seu caminho, anunciando a seu povo a salvação, que está na remissão de seus pecados” (Lc 1,76b-77).
A Igreja considera o nascimento de João Batista como um prelúdio do Natal do Salvador, e neste encontrando o seu sentido. No nascimento de João, a Igreja saúda Jesus e a alegria a que nos convida deve ser a alegria que enche a nossa alma de esperança pela certeza de que o Senhor Deus de Israel visitará e resgatará o seu povo (cf. Lc 1,68).
Assim como aconteceu com tantas festas pagãs que receberam um sentido cristão, as datas das festas de nascimento de João Batista e de Jesus (24 de junho e 25 de dezembro) marcam, na Europa, a data em que o dia começa a minguar, após o dia mais longo do ano (24 de junho) e a data em que o dia começa a crescer, após o dia mais curto do ano (25 de dezembro). Na relação entre as duas datas temos a imagem da humildade de João Batista, o precursor, que se apaga diante daquele que ele próprio anuncia e cuja influência gradualmente vai crescendo: “É preciso que ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Daí compreende-se a importância que a festa de São João Batista teve na liturgia da Igreja, a ponto de, por muitos séculos, até a reforma litúrgica após o Concílio Vaticano II, serem celebradas 3 missas, como no Natal, sendo ainda considerado dia de guarda.
As fogueiras de São João, que a tradição popular acendia, vinha completar a solenidade litúrgica, sublinhando este simbolismo da luz que surge nas trevas da noite.
As relações entre João Batista e Jesus, vão além dessa simbologia da luz. No início, o movimento de João e o de Jesus eram muito semelhantes. Os dois se retiraram do deserto, os dois reuniram seus discípulos, os dois pregaram a mesma mensagem: “Convertei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3,2; 4,17). Mas os Evangelhos destacam as diferenças entre ambos: João é enviado a preparar os caminhos para a chegada de Jesus (cf. Mc 1, 1-9), não sendo digno sequer de desamarrar as sandálias de Jesus, que trará um batismo diferente (cf. 3,11; Mc 1, 7-8; Jo 1, 27-28); João não é a luz, mas veio para dar testemunho da luz (cf. Jo 1,8.19-39; 3,27-30); após a prisão de João Batista, Jesus começa o seu ministério (cf. Mc 1,14; Mt 4,12).
Na festa do nascimento de São João Batista, peçamos a ele que continue junto de nós o seu papel de precursor de Jesus, nos encaminhando para Cristo e nos guiando nos caminhos da vida eterna.



SÃO FRANCISCO DE ASSIS (04 de outubro)




São Francisco de Assis, cuja memória a Igreja celebra no dia 04 de outubro, é uma figura extraordinária, tanto em seu tempo como até hoje, ultrapassando as fronteiras da própria Igreja católica e conquistando a simpatia também dos não católicos.
Nascido no final do século XII, era filho de um importante comerciante de sua cidade natal, Assis, na Itália; seu pai desejava que o filho continuasse o seu trabalho no comércio, mas Francisco sentia uma forte atração pelos prazeres do mundo. Na juventude, sonhou com a carreira militar, participando inclusive de uma guerra entre Assis e Perúgia, cidade vizinha, quando foi preso e sofreu na cadeia por um ano. Mas Francisco continuou com o sonho das glórias militares; no início de uma segunda guerra da qual participaria, passou por uma crise de consciência, que lhe fez questionar a validade das ações militares. Voltando à sua cidade, sentiu-se chamado por Deus não aos prazeres do mundo, ou às glórias militares, ou ao comércio, mas à imitação da pobreza de Cristo.
Passou a praticar um amor profundo para com os pobres, tendo feito o propósito de jamais negar esmola ou auxílio a eles. Em sua biografia há duas histórias exemplares de sua prática evangélica: certa vez, encontrando um mendigo e nada tendo para lhe oferecer, tirou o próprio manto, ainda novo, e o trocou pelas roupas esfarrapados do pobre; outra vez, um leproso estendeu-lhe a mão, pedindo-lhe uma esmola, mas Francisco, quando foi entregar sua oferta, vendo a mão ulcerada do leproso, sentiu um arrepio de horror e de nojo, porém, imediatamente, envergonhado com sua fraqueza, tomou a mão do doente e a beijou com ternura.
O amor à pobreza fez crescer o desejo em Francisco de se desfazer de todos os seus bens materiais, mas seu pai não aceitava a atitude do filho, chegando mesmo a prendê-lo em casa, em um cubículo ainda hoje visitado pelos peregrinos que visitam a casa de Francisco em Assis. O pai o levou à presença do bispo de Assis, perante o qual o jovem tirou todas as vestes e devolvendo-as ao pai, dizendo: “Até hoje eu vos chamei de pai. Agora, poderei dizer com toda a razão ‘Pai nosso que estais nos céus’, porque só nele pus minha esperança”. Francisco, a partir de então, vestiu um grosso hábito e tomou a resolução de viver a pobreza evangélica.
Muito consideravam que Francisco estava louco, mas, aos poucos, passou a ser visto com simpatia e admiração por muitos, principalmente jovens, que quiseram partilhar o mesmo estilo de vida. Ao lado de poucos companheiros, passou a residir em uma antiga capelinha fora dos muros de Assis, conhecida como “Porciúncula”, dando início, sem o querer, à Ordem Franciscana, uma das maiores do mundo.
A Regra dessa Ordem é muito simples, segundo as palavras do próprio Francisco: “A pobreza é o caminho da salvação, o fundamento da humildade e a raiz da perfeição. Produz frutos escolhidos, mas que se multiplicam de mil maneiras. Não vos incomodeis com o conceito dos homens que vos desprezam. Pregai a penitência com toda simplicidade, confiando naquele que venceu o mundo pela humildade”.
A ânsia de assemelhar-se a Jesus Cristo culminou, dois anos antes de sua morte, aos 44 anos de vida e 21 de conversão, com a graça de ter em seu corpo a reprodução dos estigmas de Cristo, ou seja, dos sinais da paixão e morte de Jesus. Atormentado por várias doenças, morreu quase em cegueira total para a materialidade do mundo, mas, interiormente, cheio da visão beatífica.
Seu amor a Deus era tão intensa, que não se limitava apenas aos seres humanos, mas estendia-se a toda a criação do Senhor, animada ou não. Chamava de irmão e de irmã a todas as coisas: animais, plantas, água, terra, montanhas, lua, sol. E foi esse amor à natureza que fez com que o Papa João Paulo II, em 1979, declarasse São Francisco de Assis o celestial patrono da Ecologia e de todos os ecologistas.


NOSSA SENHORA APARECIDA (12 de outubro)



O feriado do dia 12 de outubro entrou para o calendário civil brasileiro há poucos anos: durante a sua primeira visita ao Brasil, o Papa João Paulo II, no dia 4 de julho de 1980, dedicou solenemente a Basílica Nacional de Aparecida do Norte, ocasião em que declarou santo o dia 12 de outubro. O Governo Federal e o Congresso Nacional do Brasil, então, declarou a data como feriado nacional.
No entanto, até chegarmos a isso, escreveu-se uma longa história, que tem início em 1717, quando três pescadores — Filipe Pedroso, Domingos Garcia e João Alves — foram encarregados da pesca para o jantar a ser oferecido, naquela noite, ao governador das províncias de São Paulo e Minas Gerais, de passagem por Guaratinguetá.
Como que repetindo a pescaria de Pedro e de seus companheiros no lago de Genesaré, os pescadores passaram horas lançando as redes no rio Paraíba, sem nada pescar. Quando já pensavam em desistir, João Alves puxou a rede, recolhendo o corpo sem cabeça de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Colocando-a de lado, no barco, lançou novamente a rede e, desta vez, retirou a cabeça da mesma imagem. Depois disso, os pescadores pescaram tal quantidade de peixes que mal podiam carregar.
Por ter ficado muito tempo em contato com o lodo do fundo do rio, a imagem de barro apresentava uma cor escura, fato que, posteriormente, foi interpretado como um sinal especial de carinho da Mãe de Deus para com o povo brasileiro, predominantemente moreno.
A imagem foi levada para a casa de Filipe Pedroso, que a conservou consigo até 1732, quando a entregou a seu filho Atanásio, que construiu um pequeno oratório, que passou a ser utilizado pela vizinhança para rezar o terço todos os sábados.
Muitos milagres ocorreram, o que passou a atrair a atenção de muita gente para a imagem milagrosa, que passou a ser conhecida como Nossa Senhora da Conceição APARECIDA, por ter aparecido no rio.
Devido ao crescente número de fiéis que vinham orar diante da imagem, o pároco de Guaratinguetá, em 1743, pediu licença ao bispo do Rio de Janeiro para construir uma pequena capela, que foi inaugurada dois anos mais tarde. Como, ao longo dos anos, aumentasse sempre mais a quantidade de devotos, iniciou-se a construção de um novo templo, inaugurado em 1888.
Vários papas do século XX deram uma atenção especial a Nossa Senhora Aparecida. Em 1904, o Papa Pio X ordenou a coroação solene da imagem e, em 1908, concedeu ao Santuário o título de Basílica. O Papa Pio XI proclamou Nossa Senhora Aparecida a Padroeira do Brasil no dia 16 de julho de 1930, a fim de “promover o bem espiritual dos fiéis e aumentar cada vez mais a devoção à Imaculada Mãe de Deus”. Em 1967, o Papa Paulo VI ofereceu a Rosa de Ouro, a mais importante honraria concedida pela Santa Sé. Finalmente, o Papa João Paulo II, em 1980, dedicou a nova Basílica, cuja construção iniciou-se em 1952.
Ao longo dos séculos, a Mãe de Deus tem-se mostrado uma poderosa intercessora junto a seu Filho nas diversas tribulações de nossa vida. No mundo de hoje, em que os valores cultivados pela sociedade são o sexo, o corpo, o dinheiro, o poder, o prazer, em que tanta coisa errada se faz por um pouco de prazer e por um pouco de dinheiro, em que a injustiça predomina, o que nos diz a devoção a Nossa Senhora Aparecida?
Em primeiro lugar, temos de ter em mente que Maria é humana como nós e não uma deusa, embora seja, por graça divina, a Mãe de Deus e nossa intercessora junto a seu Filho. Maria apresenta-se para nós como um exemplo a ser tomado pela humanidade: em que suas qualidades se contrapõem aos nossos falsos valores; em que diante do sexualismo predominante no mundo temos o seu exemplo de pureza, diante da prepotência temos sua submissão à vontade de Deus, diante da ganância temos a sua pobreza, diante do orgulho temos a sua humildade, diante da corrupção e do egoísmo temos a Serva do Senhor, diante do ateísmo e da incredulidade temos sua fé e sua oração.
Vamos invocar com confiança a poderosa intercessão de Maria, em nosso trabalho para reconstruir uma pátria e um mundo livre e cristão, no qual todos, vivendo a fidelidade à observância das Leis de Deus, encontrem finalmente o caminho da paz, da justiça e do amor.
Nossa Senhora Aparecida, intercedei a paz ao Brasil e ao mundo inteiro!

Nenhum comentário: