A ESTRADA DO COMÉRCIO



Tendo sido construída em 1819, pela Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação do Estado do Brasil e Domínios Ultramarinos, daí ganhou seu nome “Comércio”. Conrado Jacob Niemeyer foi encarregado da reconstrução do caminho que partindo da Planície de Iguaçu, (hoje Iguaçu Velho), passava por Santa Ana das Palmeiras, ganhava a serra de Tinguá, e seguia pelo rio Santa Ana, águas acima, em direção a Ubá, internando-se pelas terras situadas entre o Paraíba. Media este caminho Dez léguas de extensão, da Vila de Iguaçu à margem do Paraíba. Seu desenvolvimento na serra do Tinguá era de 3.336 metros. Vencendo uma diferença de nível de 704 metros. No percurso da serra havia um trecho calçado a pedra, na extensão de 1.870 metros. e várias grandes muralhas de extensão. Contavam-se 25 pontes e 44 pontilhões. A estrada partia da Vila de Iguaçu e alcançava a primeira légua antes da ponte sobre o rio Otum. Seguia mais ou menos, o curso do Otum, cortando os ribeirões Cachoeira de Baixo, Cachoeira Grande, Cachoeira Brava e outros, chegando com três léguas ao alto da serra do Tinguá; atravessava os ribeirões da Grota, Posse, Galinhas, Bastos e cortava o rio São Pedro mais ou menos nas proximidades do rancho de Antônio Ferrador. Depois de atravessar o ribeirão do Quilombo, marcavam-se três léguas e meia antes de cortar a serra assinalada com a denominação de Santa Ana. Adiante da ponte sobre o ribeirão das Palmeiras (afluente do Santa Ana) contava-se quatro léguas. A cerca de dois quilômetros mais ou menos da ponte sobre o Santa Ana, assinalavam-se quatro e meia léguas. Pouco adiante indicavam-se à direita a "travessia para a estrada do Werneck" e, à esquerda, o Caminho para Vassouras. Adiante, assinalava-se o "alto da serra da Viúva ou serra Geral", além da qual contavam-se cinco léguas. Atravessava o ribeirão das Pedras Brancas. Em lugar de subir rumo a Paty do Alferes, tomava a direção mais para o sul, galgando a Serra do Mar, em trecho que foi chamado Serra da Estrada Nova — entre as serras do Tinguá e de Sant’ Ana — passava por Massambará e atingia as margens do Rio Paraíba do Sul. Daí, dividia-se: um braço rumava rio abaixo, passava pela fazenda de Ubá, até encontrar o Caminho Novo e da Estrela; o outro braço cruzava o rio, cuja travessia era feita por meio de balsa. Nesse ponto foi instalado um registro de mercadoria, que vai dar origem à localidade de Comércio. Desse local, Comércio, a estrada segue para a Aldeia de N. Senhora da Glória de Valença, atual cidade de Valença, até atingir a Vila de Nosso Senhor dos Passos do Presídio de Rio Preto, na província de Minas Gerais.
Ao longo do século XIX, surgiram várias derivações dessa estrada, a maioria delas sendo construídas dentro do município de Valença e Vassouras. Observe-se que grande parte dessa estrada ainda existe e que aí ainda se trafega. É também importante ressaltar que a construção dessa estrada beneficiou sobretudo as principais fazendas do barão de Ubá, constituídas, à época, de um complexo de 14 sesmarias, capitaneadas pelas propriedades de Ubá e Cazal. O barão de Ubá foi um dos mais importantes membros da Junta de Comércio e também o articulado da construção da estrada. O naturalista August Saint-Hillaire, que descreve maravilhosamente o Brasil nos relatos de suas viagens por muitos desses caminhos, percorreu, em 1822, a Estrada do Comércio, que ele também denominava de Estrada Nova.


Fonte: Projeto Inventário de Bens Culturais Imóveis
Desenvolvimento Territorial dos Caminhos
Singulares do Estado do Rio de Janeiro
Fevereiro 2004


Um comentário:

josias alves martins disse...

gostaria de saber se a estrada da administração em tingua fazia parte deste roteiro e qual importancia tem.