Aumentando os clamores da população que exigia água mais próximo do centro da Vila, decidiu-se, por volta de 1620, iniciar as obras de captação das águas do rio Carioca. Iniciada e paralisada diversas vezes, esta obra só teve conclusão em 1723, quando às águas do Carioca foram finalmente canalizadas, passando a jorrar no chafariz de 16 torneiras de bronze, construído no Campo de Santo António (Largo da Carioca). Do conjunto dessas obras fazem parte os famosos Arcos da Lapa. Aqueduto em ponte-canal de estilo romano, de belas arcadas de pedra rejuntada, numa extensão de 270 m. e 18 m. de altura. É interessante notar que o aqueduto da carioca fez surgir uma nova profissão na Corte - o cario-queiro, que correspondia hoje no guarda florestal e era encarregado pela limpeza e conservação dos mananciais e calhas para a captação de água.
A cidade do Rio de Janeiro cresce. Fábricas e esgotos poluem os rios da capital. O governo de Dom Pedro II publica no Jornal do Comércio: "compram-se terras regadas por água potável para abastecimento da Corte". Um grupo de fazendeiros da Freguesia de Santana das Palmeiras, município de Iguaçu, ofereceram por preço irrisório, diversas áreas de terra, junto ao rio São Pedro. A estes terrenos, comprados pelo Governo Imperial, juntaram-se os doados por Francisco Pinto Duarte, futuro Barão de Tinguá. Foi o engenheiro Antônio Rebouças, que em 1870, explorou e certificou a pureza das nascentes do Rio d'0uro e da Serra do Tinguá, tendo sido o primeiro engenheiro a indicar esses mananciais para o abastecimento da cidade. Em 1877, foi concluída a obra que marca o início de uma nova fase do abastecimento de água no Rio de Janeiro: A adutora do Rio São Pedro.
A Estrada de Ferro Rio d'Ouro foi construída em 1876 e tinha por finalidade o transporte de material para a obra da rede de abastecimento d'água à cidade do Rio de Janeiro. A Ferrovia partia do bairro do Caju à represa do Rio d'Ouro em Iguaçu, tinha 53 km de extensão.
Reservatório de Rio d'Ouro, Nova Iguaçu
Detalhe do Reservatório de Rio d'Ouro, Nova Iguaçu
Da estação de Vila de Cava partia um ramal até Conceição (atual Tinguá). Em 1886, a linha de Rio d'Ouro é adaptada para o transporte de passageiros. Sob alegação de que "Não dava lucro", em 1966, a histórica Estrada de Ferro Rio d'Ouro é desativada.
A capital do Império Brasileiro, vive uma das piores estiagem de sua história. Políticos e engenheiros buscam encontrar uma melhor solução para acabar com a falta de água no Rio. O jovem engenheiro André Gustavo Paulo de Frontin, em 15 de março de 1889, assina o contrato que se obrigava a “fornecer para o abastecimento de água desta capital, no prazo de 6 dias, um volume de 13 a 15 milhões de litros de água". O bom Imperador Dom Pedro II, que fora educado pelo iguaçuano Manoel Inácio Sotto-Mayor, o Marquês de Itanhaén, acreditou e apoiou o projeto do jovem engenheiro.
As obras executadas pelo eng. Paulo de Frontin consistiam em represar e canalizar as águas da cachoeira da Serra Velha até o reservatório do Barrelão,
numa extensão de 6 km. A chegada das chuvas coincidiu com o término do prazo de 6 dias. O volume do mananciais aumentou, a adutora do Barrelão voltou à sua capacidade de vazão. É dessa época o episódio conhecido como "o Milagre das Águas", muito repercutido nos jornais da época.

Paulo de Frontin contava com a ajuda de outro engenheiro, Raimundo Belfort Roxo. Falecido ainda jovem, foi homenageado dando nome à estação do Brejo. Em volta dessa estação, cresceu Belford Roxo, município criado em 03 de abril de 1990.
Fonte: jornal CAMINHANDO – informativo da Diocese de Nova Iguaçu – ano XVIII – n.o 139 – abril de 2002- p. 14
Um comentário:
Boa noite! Sou acadêmica em Filosofia, e estou maravilhada com este texto histórico sobre Nova Iguaçu, aqueduto de Tingua e sobre os engenheiros Antonio Rebouças, engenheiro Andre Augusto Paulo de Frontin, e o referido "Milagres das águas" e Raimundo Belford Roxo. E analiso o quanto nós brasileiros não conhecemos nossa história. Estão de parabéns pelos textos apresentado!
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