IGUAÇU VELHA & ONZE BENS CULTURAIS EM NOVA IGUAÇU



Conjunto urbano da extinta Vila de Iguaçu
Hoje conhecida como Iguaçu Velha
Nova Iguaçu, Cava, 3° distrito
Processo n° E-03/O2. 453/78
Tombamento Provisório: 08.04.1983


Iguaçu Velha guarda vestígios da história da colonização do sertão fluminense, iniciada em 1567. Dos vários portos construídos ao longo do rio Iguaçu destacava-se o Porto do Feijão. No final do século XIX e início do XX, os surtos frequentes de doenças tropicais provocaram a extinção de Vila de Iguaçu. A paisagem atual é marcada pelas ruínas da Matriz de Nossa Senhora da Piedade, de fins do século XVII e do muro do cemitério, pelos alicerces de antigas construções e vestí­gios do porto.
Onze bens em Nova Iguaçu
Processo n° E-12/0.117/89
Tombamento Provisório: 12.06.1989
Esses bens culturais, além da igreja de Nossa Senhora da Conceição atualmente no município de Queimados, constituem uma lista de doze marcos significativos do patrimônio cultural da região cujo tombamento foi solicitado em 1988 pela comuni­dade local.
Igreja Santo Antônio de Jacutinga, atual igreja da Prata
Estrada Plínio Casado, s/n°
A atual igreja da Prata foi construída em ele­vação, dominando a paisagem na margem do antigo caminho que ligava o engenho de Maxambomba, atual Nova Iguaçu, à Fazenda do Brejo, hoje Belford Roxo. A igreja, cons­truída em 1773, já estava arruinada em 1860. Reativada no século XX, foi várias vezes refor­mada com alteração no altar-mor e no púlpito e retirada do cruzeiro que ficava na parte da frente. De fachada simples e ornamentação classicizante, a igreja tem pequena torre lateral.
Capela da Fazenda da Posse
Rua dos Contabilistas, s/n°, Alto da Posse
Implantada sobre elevação, este é o único remanescente do conjunto arquitetônico da antiga Fazenda da Posse. Foi, na sua origem, uma das seis capelas filiadas à Freguesia de Santo António de Jacutinga. Construída por volta de 1760, foi consagrada em 1767, pelo bispo do Rio de Janeiro. No século XVIII, a Fazenda da Posse era pro­dutora de açúcar e aguardente, e escoava a produção pelo rio Iguaçu até o Porto do Rio de Janeiro. Já no início do século XX quando a região se constituiu no maior exportador mundial de laranja, a fazenda tornou-se um grande laranjal. Quando a casa de fazenda foi demolida em 1971, só a capela foi preservada. A nave desta pequenina capela se estende para o exterior em um alpendre com seis colunas toscanas apoiadas em um patamar levemente elevado do terreno. Dentro, as imagens de Maria, Jesus e José estão bem conservadas, dispostas em oratório suspenso por estrutura metálica.

Igreja Nossa Senhora Conceição de Marapicu
Largo do Marapicu
A igreja de 1736 está situada no alto de uma colina circundada pela estrada de Madureira e se constitui num marco importante na paisagem, visível à distância. O acesso é feito por caminho calçado de pedras. Com espaços amplos ao redor, tem aos fundos um cemitério. A fachada é simples com frontão triangular. A torre, acoplada ao corpo principal, é arrema­tada por uma pirâmide de concreto e abriga o sino de cerca de 1850. Destaca-se no interior a pia batismal em pedra de lioz. A construção deu-se em 1736 nas terras do capitão Manuel Pereira Ramos e sua mulher Helena de Andrade Sotto Maior. No ano de 1752, recebeu autorização do bispo do Rio de Janeiro para que fosse construída uma "tri­buna de honra". Foi ampliada e reformada em 1853. No século XX teve o interior descarac­terizado com o desaparecimento dos altares colaterais e a venda da talha e do altar-mor.
Capela Nossa Senhora de Guadalupe
Rua da Capela, s/n°, Marapicu
Originalmente implantada em meio a ampla área sobre pequena elevação ergue-se esta igreja construída pelo capitão Manuel Pereira Ramos e consagrada com uma procissão solene em 4 de março de 1750. A data no portal, 1753, seria o ano do término da construção. Seu estilo reúne marcas de diferentes épocas, pre­dominando um gosto barroco, com provável influência jesuítica. Acoplada à nave, do lado esquerdo, há pequena sineira. Destaca-se por­tada lavrada em lioz. O altar-mor desapareceu do interior.

Instituto de Educação Rangel Pestana
Rua Treze de Maio, n° 218, Centro
O prédio do antigo Grupo Escolar Rangel Pestana, cuja construção foi iniciada em 1944, localizava-se ao centro de grande terreno, com extensa área vazia à sua frente. Sua visão a partir da rua foi cortada pela construção, em 1964, do Instituto de Educação de Nova Igauaçu. Além disto, um ginásio construído entre os dois edifícios esconde metade da fachada do Instituto.
Conforme a política vigente no Estado Novo, este edifício segue o estilo neocolonial, conside­rado então um estilo legitimamente nacional. Na verdade a decoração assemelha-se ao cha­mado estilo missiones ou mission stile ampla­mente difundido nas três Américas. O Instituto de Educação Rangel Pestana resultou da fusão dos dois estabelecimentos de ensino em 1972.
Antiga Estação de Vila de Cava
Rua Álvaro Gonçalves, n° 43, Vila de Cava
Construção de dois pavimentos, em estilo missiones simplificado ou californiano, em voga nos decénios de 1930 e 1940. Esta estação difere do estilo classicizante das demais insta­lações do ramal. A bilheteria, em construção ao lado, tem interessante marquise levemente projetada para fora da platibanda conforme o gosto art déco.
Reservatório de Rio d'Ouro
Rio d'Ouro
Construído em esplêndido sítio natural, o reser­vatório recebeu agenciamento paisagístico junto da captação, com o plantio de renques de palmeiras e a construção de muretas sinu­osas em pedra, em ambiente com abundante vegetação. Executado com esmero artístico impecável, tem seu acesso por caminho cal­çado de pedras em pé-de-moleque. Cercado por grades em ferro batido, o reserva­tório tem à sua frente o pequeno pavilhão de manobras, de concepção neoclássica. A fonte para abastecimento do tanque, com carteia indicando a data de 1879, é encimada por duas figuras de aguadeiras em bronze.
Lar de Joaquina e galpão ao fundo
Rua Abílio Augusto Távora, n° 86
Construção eclética, de dois pavimentos, em centro de terreno. Uma escadaria lateral leva ao andar superior, que conta com uma sacada avarandada.Nos fundos, com entrada independente, situa-se o galpão que servia de entreposto para escoa­mento da produção de laranjas. Trata-se de construção industrial de madeira. Uma plati­banda art déco apresenta inscrição referente ao comércio de laranjas, principal produto de exportação na época de sua construção. Em tempos idos, havia um ramal de estrada de ferro que levava ao galpão.
Antiga Estação Ferroviária de Jaceruba
Praça Boldão Paes Leme, n° 3
Remanescente da antiga ferrovia, de grande importância no desenvolvimento da região, a estação construída no início do século XX é a maior edificação na entrada da antiga vila e está perfeitamente integrada ao casario. Urna das duas plataformas originais foi incorporada ao corpo da construção.
Antiga Estação Ferroviária de Tinguá
Rua Nossa Senhora da Conceição, n° 234, Tinguá
Estação ferroviária típica do início do século XX, tinha uma entrada para a rua e outra para a via férrea, hoje desativada. As fachadas laterais cegas são encimadas por pequeno frontão com o nome da localidade e a data de construção.
Antiga Estação Ferroviária de Rio d'Ouro
Rua da Represa, n° 259
A necessidade de manutenção do sistema de captação de águas no antigo Município de Nova Iguaçu, destinada ao abastecimento da cidade do Rio de Janeiro, deu origem ao Ramal Ferro­viário de Rio D'Ouro.
Esta construção típica da arquitetura das estações ferroviárias do inicio do século XX, com frontões nas laterais, está situada no centro da localidade de Rio d'Ouro. Tem a data 1916 inscrita na fachada.

Serra do Mar / Mata Atlântica
Processo n° E-18/000.172/91
Tombamento Provisório: 06.03.1991
Fonte: Patrimônio cultural: guia dos bens tombados pelo Estado do Rio de Janeiro, 1965-2005 / (coordenação editorial Dina Lerner e Marcos Bittencourt). -- Rio de Janeiro : Governo do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Estadual do Patrimônio Cultural - INEPAC, 2205. lxxi, 122p.: il.cor

HISTÓRIA E HISTÓRIAS: JARDIM MONTEVIDÉU

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Certo dia, uma mulher desconhecida, conversando no ônibus com minha cole­ga Fátima (monitora do MOVA) disse a ela que o dono da fazenda São Bernardi-no era dono também de toda essa área de Nova Iguaçu: Parque Estoril, Maram-baia, Monte Vidéu, Barreira, Rua Para­ná e Tinguá.
Esse proprietário tinha uma família e seu primeiro filho tinha interesse em se apos­sar logo da fazenda. Sendo assim, ele ma­tou sua família. Mais tarde, ele morreu e veio outro dono que trouxe escravos da África para trabalhar na fazenda. Esses es-
cravos vieram doentes da viagem e o dono acabou abandonando a fazenda por causa da doença.
O padre veio pedir ajuda aos moradores de Nova Iguaçu, mas, ao saber disso (da doença), não deixaram que ninguém fos­se passar por lá e não quiseram ajudar. O padre amaldiçoou Nova Iguaçu. Disse essa mulher que Monte Vidéu ficou amaldiçoado por causa da morte dos do­nos da fazenda.
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Michelline Maria Balbino
Educadora

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Antes, Jardim Monte Vidéu pertencia a Barreira, bairro do Tinguá. O alemão Car­los Fischer, presidente da Aliança de Na­vegação, comprou a fazenda Jardim Mon­te Vidéu. Ele plantou goiaba e banana, fez um goiabal e um bananal.
Vendia para as fábricas de goiabada Red
Indian, situadas cm Mangueira, na /ona Norte do Rio de Janeiro, e Colombo, no Centro. Depois, dividiram o lotcamento, com o nome de Jardim Monte Vidéu por ser como um jardim, só tinha plantações e era coberto de lírios brancos.
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Vantuiu Morais
Morador


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fonte: AA. Nossa terra, nossas vidas: um encontro na história. FETAG/RJ - MST - UFF. s.d.

TINGUÁ

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Tinguá é um dos bairros em que se divide o município de Nova Iguaçu (Rio de Janeiro). Teve grande importância durante o século XIX por causa da estação de mesmo nome do bairro fundada em 1883 e desativada em 1964.
Atualmente, o bairro, de caráter essencialmente rural, conta com diversas entidades e ONGs ligadas à ecologia e à proteção ambiental devido à existência da Reserva Biológica do Tinguá (parte da
Mata Atlântica), criada pelo Decreto Federal 97.780, de 23 de maio de 1989. A Reserva do Tinguá e o Parque Municipal de Nova Iguaçu (ao sul do município) são as duas Áreas de Proteção Ambiental de Nova Iguaçu, ocupando 35% da área total do município.
Segundo a Lei 2.952, de
17 de dezembro de 1998, o bairro do Tinguá faz parte da Unidade Regional de Governo do Tinguá, que engloba um total de cinco bairros. O Decreto 6.083, de 12 de janeiro de 1999, define os limites de Tinguá: “Começa no cruzamento do Canal Ana Felícia com a Estrada Federal de Tinguá. O limite segue pela Estrada Federal de Tinguá, Avenida Pedro Álvares Cabral, antigo leito da Estrada de Ferro - sub-ramal Cava-Tinguá, Rio Iguaçu, Canal Paiol, Avenida Muniz Barreto, Avenida Olinda, Rio Iguaçu, limite legal da Reserva Biológica do Tinguá, Rio Boa Esperança, Tio Utum, Rio Tinguá e Canal Ana Felícia, até o ponto inicial”.
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Maciço de Tinguá
Embora ligado à chamada Serra do Mar, o Maciço de Tinguá teve origem anterior, destacando-se, geologicamente. De uma das suas abas, nasce o rio Iguassú. No segundo reinado, foram construídas várias represas para o abastecimento da Cidade do Rio de Janeiro (Corte). Uma ferrovia - Rio do Ouro foi construída para a manutenção dos aquedutos. Daí em diante, a Mata Atlântica foi sendo reconstituída, naturalmente. Nesta destacada elevação encontra-se hoje a Reserva Biológica do Tinguá, (Mata Atlântica). Na aba denominada Serra dos Caboclos refugiaram-se alguns velhos e crianças indígenas (Tupinambás), no século XVI. Tinguá, na linguagem Tupi significa - Nariz Empinado de Pedra.
A Reserva Biológica de Tinguá foi reconhecida pela UNESCO como patrimônio da humanidade em 1997.
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Publicado no Magazine. Nova Iguaçu Editora, edição de março/92.
O que será passado para vocês foi narrado pelo professor Nei Alberto, membro do Instituto Geográfico e histórico de Nova Iguaçu.
Em parceria com Waldick Pereira, arqueólogo como Nei Alberto, inicia-se um pouco da história do nosso 3° Distrito...
Antes mesmo de sermos a sede do Município, já existia a movimentação comercial nesta região. onde em 1822, foi construída a primeira estrada brasileira para café ligando Villa de Iguassú à localidade de Ubá (as margens do Rio Paraíba do Sul), por iniciativa da junta Real do Comércio.
Em meados de século XIX, a Estrada da Serra do Focinho Empinado (Significado de Tinguá, na língua Tupi), foi empedrada, sob a responsabilidade do Cel. Conrado Jacob de Niemeyer. Media ali 6.336 metros de extensão, recebendo 1.870 metros de calçamento, guarnecida de muralhas, canaletas, 25 pontes e 44 pontilhões. (Tíngua tinha na época o nome de Conceição).
A estrada foi aberta para o escoamento do café, mostrando assim que o 3° Distrito havia tido na época um comércio forte desse produto e não de laranja, como pensávamos, que veio a surgir no início do século XX, na sede do novo Municipio e que o levou a ser conhecido internacionalmente.
Com a pavimentação da Estrada do Comércio (na serra do Tíngua e no perímetro urbano de Vila Iguassú), revitalizou-se a atividade comercial, ligando o então Município com várias outras localidades de atividades comerciais como: cais dos mineiros (próximo a praça Maúa, e até o interior brasileiro através do Rio Santana e Paraíba do Sul, dando assim maior atividade ao Porto da Vila Iguassú. Este Porto, com a junção das águas dos Rios Iguaçú e Utum, em alguns pontos apontavam embarcações com até 40 toneldas de carregamento.
A decadência do Município de Vila Iguassú começou ainda no meado do século XIX com a epidemia da Cólera Morbo, que afugentou seus moradores para outras terras como Machambomba ( Nova Iguaçú, em 1916), e Villa de Santana das Palmeiras erguidas em 1855, no meio da Serra do Tinguá, as margens da Estrada do Comércio
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